sexta-feira, 6 de maio de 2011

Intervenções e a minha avó....lembranças...

Bom dia. Hoje o meu post será diferente. Não terá nada a ver com moda ou celebridades. Hoje é um dia muito especial para mim....

Há cinco anos, eu participava de um projeto na Puc, do maravilhoso professor Sérgio Mota. Chama-se Intervenções. Lá, muitos dizem, você paga mico de forma inteligente.
Não creio que tenha pagado mico. O trabalho consiste em pegar algum tema visto em sala de aula e transformar em uma apresentação, instalação, etc de forma inusitada.
O meu foi assim: naquela época, estavam construindo uma ilha de edição, para filmetes, trabalhos, etc. Quando fizemos o trabalho, o local estava no esqueleto, somente com tijolos e concreto. Era tudo (sabíamos que seria uma ilha de edição), mas na hora não era nada.
Iluminamos o local com velas, colocamos a música Cantinho Escondido (tenho quase certeza de que era essa, se não for, por favor me corrijam aqueles que assistiram) da Marisa Monte (No final eu ponho o video) e cada um dos três componentes do grupo leu uma carta para alguém que já não estava mais conosco, seja porque está longe, seja porque faleceu.
Como quero eternizar esse momento, escolhi hoje, o dia em que minha querida avó e destinatária desta carta, completaria 87 anos.

"Vó,
Não sei se conseguirei passar tudo o que sinto para esta carta, mas tentarei.
Nunca pense que eu lhe esqueci. Sei que nos últimos tempos não fui uma boa neta. Creio que fui muito ausente, me sinto uma tola por isso e hoje o remorso me corrói. Eu telefonava, mas sem a frequencia de antes, quase não lhe visitava.
Logo eu que adorava ir para a sua casa e me transformar na princesinha do reino encantado que você criava. E eu só tinha cinco aninhos...Me emocionava com seus versos, vibrava com você,tempo bom que não volta...que pena.
Você foi uma das pessoas que mais me incentivou, principalmente quando esbocei o desejo de ser como você, escritora e poetisa. O mundo não conheceu as maraivilhas que você escreveu, mas como prometi, ele ainda há de conhecer.
O mais engraçado, ou triste, não sei, é que desde que você partiu, não consegui escrever mais nada. Será que você era minha inspiração? Tenho medo dessa resposta.
Como disse, sei que fui ausente, mas não foi por mal. Minha vida mudou de uma hora para a outra, e você, por conta de uma fatalidade, quase não me reconhecia.
Admito que fui e sou medrosa. Fiquei com tanto medo de não ter mais você comigo que acabei negligente.
Quando você partiu, também não fui lhe dar adeus.
Não conseguiria ver sua expressão serena, e ter esta visão como lembrança. Preferi ficar em casa e guardar na memória os momentos felizes que passamos juntas.
Outra coisa que sei é que esta carta jamais chegará ao seu destino; o que me conforta é saber que você a leu, onde quer que esteja, ainda que eu não consiga lhe ver ou falar com você.
Espero que se lembre que sempre vou amá-la, minha vózinha, e que ainda choro por dentro ao recordar que você não está mais aqui.
Cuide de mim, dos seus filhos, noras e netos da sua nuvenzinha aí no céu, tá?
Um dia a sua princesinha lhe encontra.
Beijos, da sua neta, Line."

 

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